segunda-feira, 4 de junho de 2012

Crescimento descontrolado

 Até 1750 a economia mundial era um sistema bastante estável, e tinha um crescimento muito reduzido. Nos duzentos anos seguintes, até 1950, a globalização foi um processo que envolveu os países ditos desenvolvidos que viram, nesses duzentos anos, a sua riqueza per capita multiplicada 20 vezes. Mas uma grande parte do planeta e da sua população não beneficiou deste progresso. Ao lado dum mundo próspero, havia um mundo menos desenvolvido, o terceiro mundo, e uma grande parte da população mundial vivia ainda em regime colonial.

A economia global, que regula o relacionamento entre pessoas, empresas e países, resultou de um processo gradual que se iniciou quando os povos de diferentes regiões começaram a comerciar mercadorias entre eles. Pode dizer-se que a economia do mediterrâneo, no tempo dos Romanos, já era uma economia com as características de uma economia global, embora a uma escala diferente da atual.

Fatores impulsionadores da globalização foram a invenção da imprensa, ao permitir uma nova forma de comunicar e a expansão marítima iniciada nos séculos XV e XVI, que alargou o mundo conhecido dos ocidentais. Mas foi com a revolução industrial (centrada no carvão e na máquina a vapor), a partir de meados dos século XVIII, que a Globalização se impôs de forma consistente e estável. As ideias de Adam Smith expressas no livro "A Riqueza das Nações", publicado em 1776, apresentam já os princípios que iriam moldar a economia dos 250 anos seguintes.

Mas o grande impulso deu-se a seguir à segunda guerra mundial com o primeiro acordo de comércio livre, o GATT, em 1947, ao mesmo tempo que foram dados passos pequenos que levaram ao desaparecimento do sistema colonial. Um novo  e mais abrangente acordo  de comércio foi assinado em 1990 por mais de de 150 países que constituem o WTO (World Trade Organization).

O que se passou entre 1950 e a atualidade foi um processo de crescimento vertiginoso de alguns países que alterou por completo o panorama mundial. Nesse período, alguns países do que então se designava por terceiro mundo, multiplicaram o seu rendimento por 10 ou até por 20; existem 13 países que conseguiram crescer durante 25 ou mais anos consecutivos a um taxa média superior a 7% (o que equivale a duplicar a economia a cada 10 anos!).

A lista inclui naturalmente alguns dos países que hoje se designam de países emergentes como o Brasil o Japão, a China, a Coreia, a  Tailândia, e a Indonésia; e a Índia e o Vietname estão a entrar neste Clube.  A  Europa e os Estados Unidos (o velho Ocidente) assistem a estas vertiginosas mudanças, e procuram desesperadamente adaptar-se a elas. Mas  dão-se conta de que existem grandes incógnitas  sobre o futuro, e interrogam-se sobre como se irão estabelecer os novos equilíbrios.

A necessidade urgente e imperiosa de crescimento continua a agravar as assimetrias. Na irracional  ânsia de crescer a todo o custo perde-se a lucidez para distinguir o bom do mau crescimento. Crescimento que polui, crescimento que põe em risco recursos limitados e hipoteca as futuras gerações é um mau crescimento. Que pode dar origem a "abcessos civilizacionais" que podem por em risco a saúde da Civilização e o nosso futuro.

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