segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Agenda Local XXI

Estive, há dias, em Agualva, no concelho de Sintra, convidado para participar numa reunião promovida pela Junta de Freguesia e integrada na Agenda XXI Local. Agualva é uma freguesia recente que resultou do desmembramento da freguesia de Agualva-Cacém. É um subúrbio de Lisboa, um dormitório que nasceu e vive alimentado por duas artérias que lhe dão vida e a põem em contacto com Lisboa: a linha da CP Lisboa-Sintra e a rodovia IC19.

Fiquei a saber que a freguesia tem mais de 30,000 habitantes, uma importante  população ativa, que ainda não está marcada pelo envelhecimento, e, dado muito interessante, que numa escola da freguesia estudam jovens de 22 nacionalidades, a confirmar as mudanças que se estão a verificar no nosso tecido populacional.

Estes subúrbios nasceram numa época de forte crescimento económico e de acelerada urbanização que teve início nos anos 60 do século passado. Acredito que se terão cometido erros urbanísticos, uns derivados da pressão provocada pela escassez de novas habitações, outros resultantes de impreparação e falta de capacidade de planeamento dos serviços camarários. E poderá ter havido interesses económicos que se sobrepuseram ao interesse social. Hoje existe uma estabilização do tecido urbano, e uma preocupação visível em valorizar o território. Pelo que me foi dado ver na conferência do "Centro das Lopas" tem sido notável o trabalho do Presidente da Junta e da sua equipe para trilhar novos caminhos. Foi gratificante conhecer o trabalho de muitos  jovens que se preocupam ativamente com a sustentabilidade com a defesa do ambiente e com a inclusão social.

A Agenda XXI nasceu na conferência Eco-92 ou Rio-92, ocorrida no Rio de Janeiro, Brasil, em 1992. É um documento que convida os países através dos governos e das organizações locais (governamentais ou não)  a refletir,  a discutir e implementar soluções para os problemas socioambientais. O objetivo é a reconversão da sociedade industrial para um novo paradigma o que exigirá uma nova abordagem do conceito de progresso promovendo a qualidade (e não apenas a quantidade) do crescimento. A agenda é um plano de ação para ser adotado a nível nacional ou local que visa o desenvolvimento sustentável, a defesa do ambiente, a preservação dos recursos, contra a cultura dos desperdícios, e,  ao mesmo tempo, promove a inclusão social.

 Segundo o último estudo realizado pelo Grupo de Estudos Ambientais da Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa, respeitante a 2011, em Portugal existem 167 potenciais processos de Agenda XXI. No entanto apenas apenas 26 desses processos estão ativos, e a sua maior concentração é na região do Grande Porto. Estes processos da Agenda XXI Local estão muito próximos das iniciativas de Transição, e, na verdade, os seus objetivos são em tudo semelhantes. Mas um deles funciona up-down e o outro down-up. Existe maior voluntarismo e maior resiliência nas iniciativas de transição, mas também uma maior fragilidade em termos de organização.

O mundo em que vivemos está em rota de colisão com um "cisne negro". Quando isso acontecer, os jovens envolvidos nestes processos estarão melhor preparados para enfrentar o day after.  É, pois, importante que estes processos se generalizem.  É urgente divulgá-los e implementá-los, sobretudo junto das escolas e da população jovem. A sua adoção vai encontrar resistência (ou, pelo menos, pouco entusiasmo) por parte do establishment pois promovem a cidadania em detrimento do consumismo. E isso não convém à economia que está regulada e condicionada  pelos "mercados", e que exige, a todo o custo,  o crescimento e aumento de consumo.



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